Envelhecimento
O envelhecimento é um processo natural que, inevitavelmente, todos nós experimentamos com o passar dos anos. Uns levam mais na boa, outros tentam retardar ao máximo. E a maioria de nós não costuma prestar atenção nisso quando crianças. Mas, infelizmente, esse privilégio não é pra todo mundo. Progeria, ou síndrome de Hutchinson-Gilford, é uma doença rara, caracterizada pelo aparente envelhecimento precoce, transformando crianças em idosos num curto espaço de tempo.
Os problemas não param na aparência física. Os pacientes também desenvolvem doenças tipicamente associadas à idade avançada, como osteoporose e aterosclerose, e geralmente morrem de doenças do coração na adolescência. Como e porquê isso acontece nessas crianças é um mistério que começa a ser solucionado.
Em 2003 foi descoberta uma mutação no gene codificante para a proteína conhecida como laminina A. Essa proteína auxilia a manter a membrana nuclear da célula firme, protegendo o genoma ou DNA celular. A forma mutante da laminina A, também conhecida como progerina, causa uma má formação na membrana nuclear, alterando a estrutura física do DNA permitindo um maior número de danos ao genoma celular. Era o tudo que sabíamos até então.
Recentemente, dois pesquisadores dos EUA, Paola Scaffidi e Tom Misteli, conseguiram manipular células da pele (fibroblastos) em cultura para produzir quantidades excessivas de progerina (Scaffidi e Misteli, “Nature Cell Biology”, 2008). Decidiram então comparar as modificações que essa alteração causou na ativação de outros genes celulares. Curiosamente, a produção descontrolada de progerina nos fibroblastos alterou a atividade de mais de 1000 genes diferentes, sendo que grande parte desses genes pertence a uma via bioquímica única, conhecida por via de “Notch”.
E não é que essa via Notch é uma velha conhecida dos cientistas que trabalham com células-tronco! Essa via bioquímica auxilia as células-tronco a se especializarem em outros tipos celulares. Observação extremamente importante, pois muitos dos sintomas associados com a Progeria envolvem tecidos originados de células-tronco mesenquimais, que se especializam em ossos, músculos e células de gordura.
Pois bem, os pesquisadores resolveram testar o que a progerina fazia com essas células-tronco mesenquimais. O resultado foi que as células-tronco optavam por uma especialização alternativa e formavam vasos sanguíneos, o que costuma passar longe do repertório normal dessas células nas condições usadas. As poucas células que eventualmente se especializavam em ossos faziam isso de uma forma desregulada, o que estaria de acordo com um dos sintomas observados nos pacientes, que é a facilidade que eles têm de quebrar os ossos.
Além disso, também foi observado que as células-tronco com a progerina tinham dificuldade em se especializar em células de gordura. Essa observação pode explicar porque os pacientes perdem facilmente a camada de gordura de suporte embaixo da pele, causando o aspecto envelhecido e enrugado da pele.
Finalmente, para provar que a progerina estava realmente alterando a via de Notch, os pesquisadores manipularam especificamente essa via nas células-tronco mesenquimais e obtiveram um resultado semelhante quando comparado ao das células-tronco que produziam progerina. Esse experimento sugere que a progerina estaria alterando de alguma forma a via de Notch durante a especialização das células-tronco. Assim, o trabalho conseguiu correlacionar defeitos moleculares e celulares com os sintomas dos pacientes.
Espera-se que a continuação desse trabalho gere novas pistas sobre o processo fisiológico de envelhecimento. Afinal, mesmo as células-tronco normais produzem, esporadicamente, uma reduzida quantidade de progerina. Essas pequenas quantidades atrapalhariam o processo de reposição celular pelas células-tronco, deteriorando os tecidos e iniciando o processo de envelhecimento normal.
A idéia agora seria aproveitar esse conhecimento para manipular a quantidade de progerina, ou mesmo a via de Notch, nas células-tronco mesenquimais, e tentar reverter alguns dos sintomas nos pacientes. Se bem conheço a vaidade humana, não vai demorar muito para que as drogas projetadas para auxiliar no tratamento da Progeria sejam bem acolhidas pelo mercado de cosméticos.
Os problemas não param na aparência física. Os pacientes também desenvolvem doenças tipicamente associadas à idade avançada, como osteoporose e aterosclerose, e geralmente morrem de doenças do coração na adolescência. Como e porquê isso acontece nessas crianças é um mistério que começa a ser solucionado.
Em 2003 foi descoberta uma mutação no gene codificante para a proteína conhecida como laminina A. Essa proteína auxilia a manter a membrana nuclear da célula firme, protegendo o genoma ou DNA celular. A forma mutante da laminina A, também conhecida como progerina, causa uma má formação na membrana nuclear, alterando a estrutura física do DNA permitindo um maior número de danos ao genoma celular. Era o tudo que sabíamos até então.
Recentemente, dois pesquisadores dos EUA, Paola Scaffidi e Tom Misteli, conseguiram manipular células da pele (fibroblastos) em cultura para produzir quantidades excessivas de progerina (Scaffidi e Misteli, “Nature Cell Biology”, 2008). Decidiram então comparar as modificações que essa alteração causou na ativação de outros genes celulares. Curiosamente, a produção descontrolada de progerina nos fibroblastos alterou a atividade de mais de 1000 genes diferentes, sendo que grande parte desses genes pertence a uma via bioquímica única, conhecida por via de “Notch”.
E não é que essa via Notch é uma velha conhecida dos cientistas que trabalham com células-tronco! Essa via bioquímica auxilia as células-tronco a se especializarem em outros tipos celulares. Observação extremamente importante, pois muitos dos sintomas associados com a Progeria envolvem tecidos originados de células-tronco mesenquimais, que se especializam em ossos, músculos e células de gordura.
Pois bem, os pesquisadores resolveram testar o que a progerina fazia com essas células-tronco mesenquimais. O resultado foi que as células-tronco optavam por uma especialização alternativa e formavam vasos sanguíneos, o que costuma passar longe do repertório normal dessas células nas condições usadas. As poucas células que eventualmente se especializavam em ossos faziam isso de uma forma desregulada, o que estaria de acordo com um dos sintomas observados nos pacientes, que é a facilidade que eles têm de quebrar os ossos.
Além disso, também foi observado que as células-tronco com a progerina tinham dificuldade em se especializar em células de gordura. Essa observação pode explicar porque os pacientes perdem facilmente a camada de gordura de suporte embaixo da pele, causando o aspecto envelhecido e enrugado da pele.
Finalmente, para provar que a progerina estava realmente alterando a via de Notch, os pesquisadores manipularam especificamente essa via nas células-tronco mesenquimais e obtiveram um resultado semelhante quando comparado ao das células-tronco que produziam progerina. Esse experimento sugere que a progerina estaria alterando de alguma forma a via de Notch durante a especialização das células-tronco. Assim, o trabalho conseguiu correlacionar defeitos moleculares e celulares com os sintomas dos pacientes.
Espera-se que a continuação desse trabalho gere novas pistas sobre o processo fisiológico de envelhecimento. Afinal, mesmo as células-tronco normais produzem, esporadicamente, uma reduzida quantidade de progerina. Essas pequenas quantidades atrapalhariam o processo de reposição celular pelas células-tronco, deteriorando os tecidos e iniciando o processo de envelhecimento normal.
A idéia agora seria aproveitar esse conhecimento para manipular a quantidade de progerina, ou mesmo a via de Notch, nas células-tronco mesenquimais, e tentar reverter alguns dos sintomas nos pacientes. Se bem conheço a vaidade humana, não vai demorar muito para que as drogas projetadas para auxiliar no tratamento da Progeria sejam bem acolhidas pelo mercado de cosméticos.
Fonte:http://g1.globo.com/platb/espiral/2008/03/28/as-celulas-tronco-e-o-envelhecimento-precoce/?fbclid=IwAR1L-jc25TIC-7vbdEUXtk34p_0lewKto7YO17HuPkr0UG_wylgNlTGoHrk
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