Benefícios do Vinho Para Saúde
Para os amantes da boa mesa, não há refeição completa sem uma taça de vinho. E para a alegria dos amantes da bebida, não param de surgir novas pesquisas que atestam os benefícios do vinho para a saúde.
Os resultados das pesquisas mais recentes são impressionantes e sugerem que o vinho pode promover uma vida útil mais longa, proteger contra certos tipos de câncer, melhorar a saúde mental e ainda fornecer benefícios para o coração.
Vamos explorar mais abaixo os reais benefícios do vinho para a saúde, como seu consumo se tornou popular, esclarecer o que significa o consumo moderado da bebida, quais os cuidados com o teor de açúcar e eventuais contaminações que o vinho pode sofrer e ainda explicaremos o que é o resveratrol, um composto presente no vinho e em algumas plantas que vem sendo amplamente explorado cientificamente.
branco ou vinho tinto?
A maioria dos dados incluídos neste texto refere-se ao vinho tinto, isso porque pesquisas mostram que ele contém cerca de 10 vezes mais polifenóis que o vinho branco. Os polifenóis são as substâncias presentes no vinho que trazem benefícios à nossa saúde. Acredita-se que o vinho tinto seja mais rico nestas substâncias porque durante seu processo de produção, a uva é macerada por semanas junto com a pele, ao contrário do vinho branco. É na pele das uvas que estão as maiores concentrações de polifenóis.
No entanto, um estudo publicado pelo Journal of Agricultural & Food Chemistry, concluiu pela primeira vez que o vinho branco pode fornecer as mesmas qualidades cardioprotetoras que o vinho tinto. Outras pesquisas ainda estão sendo realizadas para confirmar estes benefícios do vinho branco.
Apreciamos os benefícios do vinho desde a antiguidade
De acordo com pesquisa feita pela Cornell University, arqueólogos datam o cultivo de uva e a produção de vinho para algum momento entre 6.000 e 4.000 AC, quando apenas aristocratas e membros do clero e da realeza podiam aproveitar da bebida.
No livro The Oxford Companion to Wine, Jancis Robertson escreveu que antigos papiros egípcios de 2200 AC são os documentos mais antigos que mencionam o vinho como um medicamento feito pelo homem.
Hipócrates, considerado como o “pai da medicina ocidental”, promovia o vinho como parte de uma dieta saudável. Ele alegava que o vinho era bom para desinfetar feridas, para aliviar a dor durante o parto, para os sintomas de diarreia e letargia, e ainda para se misturar medicamentos e facilitar a ingestão destes pelos pacientes.
A bebida sempre esteve associada à saúde
Durante a Idade Média, monges católicos frequentemente usavam vinho para uma ampla gama de tratamentos médicos.
Arnaldo de Vilanova, um médico, foi autor do primeiro livro impresso sobre a bebida. Ele escreveu longamente sobre os benefícios do vinho para o tratamento de muitas doenças, incluindo sinusite e demência.
Durante a epidemia de cólera de 1892, em Hamburgo, na Alemanha, o vinho foi utilizado para esterilizar a água.
No início do século XX, houve uma rápida disseminação do uso de bebidas alcoólicas e médicos começaram a reconhecer o alcoolismo como uma doença, aconselhando a redução do consumo do vinho.
No entanto, pesquisadores modernos intensificaram seus estudos para provar os benefícios do vinho para a saúde e reafirmar alguns conhecimentos que até então eram apenas crenças populares.
Os 6 principais Benefícios do Vinho para a saúde comprovados cientificamente
O vinho é o grande vencedor quando comparado a outras bebidas alcoólicas. Devido aos inúmeros estudos desenvolvidos atualmente, sabemos que ele contém uma mistura complexa e concentrada de substâncias químicas saudáveis, chamadas polifenóis, que podem afetar positivamente muitas funções do nosso organismo. É preciso salientar que o consumo excessivo de álcool (mais de três doses por dia), pode levar a muitas doenças.
Veja uma lista detalhada dos benefícios do vinho através de seu consumo moderado:
1. O vinho pode melhorar a saúde do coração
O consumo moderado (até duas doses) de vinho tinto pode reduzir o risco de doenças cardíacas em aproximadamente 20%. Esta conclusão veio a partir de dados combinados de 51 estudos epidemiológicos que mostraram que tanto adultos aparentemente saudáveis quanto pacientes com histórico de ataque cardíaco e ainda pacientes com diabetes pareceram se beneficiar com o consumo da bebida.
Um estudo específico, o Health Professionals Follow-Up Study, envolveu mais de 38 mil profissionais de saúde do sexo masculino livres de doenças cardiovasculares. Estes homens tomaram de 1 a 2 doses de vinho por dia, 3 ou 4 vezes por semana, ao longo de 12 anos. Ao final deste período, verificou-se que eles tiveram o risco de ter um ataque do coração diminuído em 32% se comparado a um grupo semelhante que não tomava vinho.
A explicação para o fato é que o álcool desenvolvido nesta bebida reduz a formação de placas de entupimento das artérias, aumenta o colesterol bom, diminui a inflamação, e inibe a coagulação do sangue o que diminui o risco de aterosclerose.
Os polifenóis presentes no vinho tinto também agem inibindo a formação de placas de gordura, reduzindo a inflamação, ajudando a diminuir a pressão arterial, reduzindo a oxidação de lipídios e aumentando a capacidade dos vasos sanguíneos de se dilatar. Eles ainda ativam a produção de proteínas que previnem a morte celular.
Combinar vinho com uma atividade física é o que faz bem ao coração
De acordo com o treinador Ben Greenfield, considerado o melhor personal trainer americano nos anos de 2013 e 2014, o vinho faz o coração saudável se combinado com atividade física. Ele cita um estudo chamado In Vino Veritas (No Vinho Está a Verdade), onde pesquisadores introduziram o vinho moderadamente na dieta de um grupo de pessoas e monitorou os efeitos sobre seus corpos.
O estudo mostrou que, por si só, o hábito de tomar vinho não afetou significativamente o teor de colesterol, glicemia, triglicérides, ou níveis de marcadores inflamatórios como da proteína C reativa. Mas entre aqueles que faziam exercícios físicos pelo menos duas vezes por semana e também tomavam vinho, houve melhora significativa nas variáveis de saúde após um ano de consumo de vinho, não importando se a pessoa tomou vinho branco ou tinto.
2. O consumo moderado de vinho tinto e suco de uva está ligado a um menor risco de diabetes
Pesquisas recentes mostraram que pessoas que tomam regularmente vinho tinto ou suco de uva tiveram mais facilidade em manter regular o teor do açúcar no sangue. Tais resultados sugerem que são os componentes não alcoólicos do vinho tinto, principalmente os polifenóis, que têm um efeito benéfico sobre o açúcar no sangue e a função da insulina.
Embora haja evidências de que a diabetes tipo 2 é menos prevalente entre os bebedores moderados, a relação risco-benefício é controversa. Por isso tantas pesquisas são feitas acerca do assunto.
Pesquisadores da Universidade de Ben-Gurion do Negev Medical Center-Soroka e de um Centro de Pesquisa Nuclear, também Israel, testaram tanto o vinho tinto quanto o branco em relação ao controle de glicose, e associaram os resultados positivos ao metabolismo do álcool de acordo com o perfil genético de cada pessoa.
Uma pesquisa anterior sugeriu que o vinho tinto tem propriedades particularmente vantajosas para as pessoas com diabetes tipo 2 porque ajuda a conter o risco potencialmente maior que estas pessoas têm de desenvolver doenças cardiovasculares.
Pesquisa detalhada com pessoas com diabetes
A American Diabetes Association, Associação americana que avalia a diabetes, promoveu um estudo com 224 homens e mulheres entre 40 e 75 anos de idade, com diabetes bem controlada tipo 2 e que não ingeriam álcool. Após avaliação física, as pessoas foram divididas em dois grupos: o que recebia 150 ml de água no jantar e o que recebia 150ml de vinho. Em intervalos regulares, os pacientes forneciam amostras de sangue para a medição do perfil lipídico e o controle glicêmico.
Após dois anos, os pacientes que tomaram vinho tiveram uma diminuição do risco de complicações cardiometabólicas em comparação com os que tomaram somente água.
Os pesquisadores atribuíram ao próprio álcool o controle glicêmico, mas ressaltaram que o vinho tinto tem um efeito mais forte sobre os níveis de gordura por causa dos seus compostos fenólicos.
A equipe descobriu que as diferenças genéticas pessoais também afetam no controle glicêmico e, portanto, sugerem que testes genéticos podem ajudar a identificar quais os pacientes com diabetes tipo 2 se beneficiariam com o consumo moderado de vinho antes que a bebida seja introduzida como prática clínica.
3. Consumir vinho pode prevenir doença de Alzheimer e demência
Nos últimos dez anos uma série de estudos tem relatado uma redução significativa dos riscos de qualquer declínio cognitivo, demência ou doença de Alzheimer em pessoas que consomem quantidades moderadas de álcool, principalmente o vinho tinto, em comparação àqueles que não bebem.
O consumo moderado de vinho tinto previne significativamente a deterioração da memória e o desenvolvimento de alterações no cérebro como o Alzheimer, foi o que apontou alguns estudos específicos feitos em animais.
Cientistas afirmam, no entanto, que em pessoas, mesmo as que não possuem comprometimento cognitivo, o consumo moderado de vinho tinto pode melhorar as funções cerebrais.
As constatações de um estudo epidemiológico americano feito em mulheres chamado Nurses’ Health Study, constatou que as mulheres que consomem quantidades moderadas de álcool, incluindo o vinho tinto, apresentam melhor função cognitiva.
O cientista e Professor Edward J. Neafsey, afirma: “Nós não recomendamos que os abstêmios comecem a beber. Mas o consumo de vinho, quando moderado, pode ser benéfico”.
Eles e seus colegas relataram no The Journal of Disease Neuropsychiatric and Treatment que bebedores moderados de vinho tinto tiveram um risco 23% menor de desenvolver demência em comparação a pessoas que raramente ou nunca consumiram a bebida alcoólica.
4. Vinho pode reduzir sintomas da depressão
Em um dos estudos mais recentes dedicados a investigar os benefícios do vinho tinto para a saúde, pesquisadores espanhois relataram uma taxa de 32% menos casos de depressão entre os consumidores de vinho.
O estudo foi publicado no site BMC Medicine, um jornal eletrônico de medicina. Nele foram analisados mais de cinco mil homens e mulheres com idade entre 55 e 80 anos durante sete anos e os resultados mostraram que aqueles que consumiam quantidades moderadas de álcool, principalmente na forma de vinho tinto na faixa de dois a sete doses por semana, apresentaram taxas significativamente mais baixas de depressão em comparação a pessoas que não ingeriam nenhum tipo de bebida alcoólica.
Os pesquisadores comentaram que não se surpreenderam com os resultados porque já sabiam que a depressão compartilha algumas das mesmas causas de doenças que respondem favoravelmente ao consumo de vinho tinto como inflamações de baixo grau, doenças cardíacas e outras doenças crônicas.
5. Consumir vinho pode retardar o crescimento de células de alguns tumores malignos
De acordo com descobertas feitas por cientistas da Universidade de Creta, na Grécia, o vinho pode retardar o crescimento de células do câncer de mama e da próstata, além de evitar o desenvolvimento de tumores da boca.
Cientistas franceses, por sua vez, descobriram evidências de que o antioxidante do vinho chamado resveratrol pode conter o crescimento de células de câncer no fígado.
No Reino Unido, cientistas da Universidade de Leicester informaram durante a Segunda Conferência Científica Internacional sobre Resveratrol e Saúde, que o consumo regular e moderado de vinho tinto pode reduzir o índice de tumores intestinais em aproximadamente 50%.
Pesquisas recentes também analisaram a relação entre o consumo regular de vinho e o câncer de mama, uma vez que estudos já mostraram que a maioria das bebidas alcoólicas aumenta o risco de câncer de mama.
O que se descobriu, no entanto, foi que a ingestão de vinho tinto tem o efeito oposto.
Na publicação americana Journal of Women’s Health, pesquisadores do Cedars-Sinai Medical Center, em Los Angeles, explicaram que as substâncias químicas presentes nas cascas e sementes de uvas roxas reduzem os níveis de estrogênio e aumentam a testosterona em mulheres na pré-menopausa, o que resulta em um menor risco de desenvolver câncer da mama nesta faixa etária. Um resultado contrário ao que os estudos apontavam até então.
6. Vinho para uma vida mais longa
Pesquisadores da Harvard Medical School relataram que o vinho tinto tem propriedades que previnem o envelhecimento. Eles atribuíram estes benefícios do vinho especificamente ao resveratrol presente na pele das uvas roxas.
Os resultados da pesquisa, publicados na revista Cell Metabolismoffer, foram a primeira prova definitiva da ligação entre as propriedades antienvelhecimento de resveratrol e o gene SIRT1, um gene que codificam enzimas e proteínas estruturais no nosso organismo.
Embora as propriedades do vinho para manter a longevidade sejam ressaltadas desde a antiguidade, somente agora temos pesquisas que realmente atestam o fato.
Outro estudo realizado na Universidade de Londres relatou que as procianidinas, compostos normalmente encontrados no vinho tinto, mantêm os vasos sanguíneos saudáveis, um dos fatores que contribui para a maior expectativa de vida já observada no povo na Sardenha e sudoeste da França. Os pesquisadores também descobriram que o vinho tinto artesanal tem níveis muito mais elevados de procianidinas que os outros vinhos.
Seco ou suave? Fique atento ao teor de açúcar no vinho
O açúcar presente no vinho puro é resultado do processo de fermentação da bebida e se trata principalmente dos açúcares da própria uva, frutose e glicose (alguns vinhos são adoçados com açúcar para baratear e tornar mais rápido o processo de produção).
Para entender como alguns vinhos são amargos e outros doces, saiba que quando acontece a vinificação, o fermento consome o açúcar e o transforma em álcool. Um vinho seco é produzido quando o fermento consumiu todos os açúcares e o vinho doce é quando a levedura é contida antes de “comer” todos os açúcares. É também por isso que alguns vinhos doces têm menos álcool que os vinhos secos.
É difícil dizer quanto de açúcar você está consumindo quando toma vinho, já que a maioria dos países não indica o teor de açúcar no rótulo, mas aqui está uma noção básica da quantidade da substância que os diferentes vinhos contêm:
Vinho seco: 4 gramas de açúcar por litro;
Vinho suave: De 4 a 12 gramas de açúcar por litro, ou cerca de 0,5 a 2 gramas por taça;
Vinho doce: Mais de 45 gramas de açúcar por litro, ou cerca de 6 gramas por taça ou mais.
Vinhos americanos são acusados de conter arsênio
Uma ação coletiva foi movida em 2015 na Califórnia contra alguns dos maiores produtores de vinho do país por causa dos altos níveis de arsênio encontrados nos vinhos. O processo alega que alguns dos vinhos mais populares têm até cinco vezes a quantidade máxima permitida pela Agência de Proteção Ambiental Americana. O arsênio é um elemento químico extremamente tóxico para os seres humanos.
Aqui no Brasil também não há legislação que controle o que pode conter e o que está realmente no vinho que está sendo comercializado. Uma das razões para isso é o lobby das empresas fabricantes. Por isso é importante estar atento à procedência do vinho antes de consumi-lo,
O escândalo do arsênio veio à tona nos Estados Unidos quando um laboratório de Denver chamado BeverageGrades realizava testes para detectar a quantidade de calorias nas diferentes marcas de vinho e os resultados dos testes em 1.300 garrafas de vinho mostraram, adicionalmente, que um quarto das garrafas tinham níveis de arsênio superior ao máximo permitido. Pesquisadores notaram que quanto mais baixo o preço do vinho, mais elevados eram os níveis de arsênio, o que pode ser sinal de economia em métodos e processos adequados para reduzir o arsênico inorgânico.
Vale ressaltar que, de acordo com a análise publicada no Chemistry Central Journal, que analisou vinhos de países da América Latina após este escândalo, não foram detectados metais em níveis que possam oferecer risco à saúde em nenhuma das marcas brasileiras analisadas.
O que significa consumo moderado de vinho
A quantidade de vinho que uma pessoa pode ingerir de uma só vez antes que os benefícios do vinhopara a saúde se transformem em perigos depende de muitos fatores, incluindo o tamanho da pessoa, idade, sexo, estado geral de saúde, bem como se a bebida está sendo consumida com alimentos ou não.
O consumo moderado de bebidas alcoólicas, definida como a ingestão de 1 a 2 doses por dia, é sugerido em muitos países.
Uma dose padrão de vinho quer dizer cerca de 150 ml da bebida.
De acordo com o Dietary Guidelines for Americans 2010, um guia nutricional publicado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, “Se for consumir álcool, ele deve ser consumido com moderação – até uma dose por dia para mulheres e duas doses por dia para homens”.
O valor para mulheres é menor porque elas absorvem o álcool mais rapidamente do que os homens por causa de seu menor teor de água no organismo e porque possuem diferentes níveis de enzimas no estômago.
O que é resveratrol e quais seus possíveis efeitos
O resveratrol é uma substância química produzida na casca da uva e em outros vegetais como amendoim, cacau e mirtilo, no qual atua como um pesticida natural contra fungos.
Ao longo das últimas décadas, milhares de artigos foram publicados sobre o resveratrol e os seus benefícios contra muitas doenças são sempre ressaltados, principalmente para diabetes, doenças neurodegenerativas e o câncer.
Pesquisas mostraram que o resveratrol realmente tem efeitos sobre as células, principalmente por influenciar a produção de energia, mas seu funcionamento ainda não foi totalmente explicado.
Testes em células cultivadas em laboratório e estudos em animais sugerem que o resveratrol pode ter propriedades anticancerígenas, pode ajudar a proteger o revestimento dos vasos sanguíneos do coração, ajudar a reduzir a lipoproteína de baixa densidade, ou seja, o colesterol “ruim”, impedir a formação de coágulos sanguíneos e também proteger contra a obesidade e o diabetes.
A quantidade de resveratrol pode variar amplamente tanto nas frutas quanto nos vinhos, e, embora também esteja disponível na forma de suplementos, ainda não se sabe quanto da substância pode ser absorvida pelo organismo.
Mais pesquisas acerca do resveratrol ainda são necessárias para se afirmar categoricamente todos os seus benefícios, inclusive porque estudos mostraram que a sua presença no organismo dura apenas um curto período de tempo e não se sabe se seus efeitos podem permanecem por um prazo maior.
A maioria dos dados incluídos neste texto refere-se ao vinho tinto, isso porque pesquisas mostram que ele contém cerca de 10 vezes mais polifenóis que o vinho branco. Os polifenóis são as substâncias presentes no vinho que trazem benefícios à nossa saúde. Acredita-se que o vinho tinto seja mais rico nestas substâncias porque durante seu processo de produção, a uva é macerada por semanas junto com a pele, ao contrário do vinho branco. É na pele das uvas que estão as maiores concentrações de polifenóis.
No entanto, um estudo publicado pelo Journal of Agricultural & Food Chemistry, concluiu pela primeira vez que o vinho branco pode fornecer as mesmas qualidades cardioprotetoras que o vinho tinto. Outras pesquisas ainda estão sendo realizadas para confirmar estes benefícios do vinho branco.
Apreciamos os benefícios do vinho desde a antiguidade
De acordo com pesquisa feita pela Cornell University, arqueólogos datam o cultivo de uva e a produção de vinho para algum momento entre 6.000 e 4.000 AC, quando apenas aristocratas e membros do clero e da realeza podiam aproveitar da bebida.
No livro The Oxford Companion to Wine, Jancis Robertson escreveu que antigos papiros egípcios de 2200 AC são os documentos mais antigos que mencionam o vinho como um medicamento feito pelo homem.
Hipócrates, considerado como o “pai da medicina ocidental”, promovia o vinho como parte de uma dieta saudável. Ele alegava que o vinho era bom para desinfetar feridas, para aliviar a dor durante o parto, para os sintomas de diarreia e letargia, e ainda para se misturar medicamentos e facilitar a ingestão destes pelos pacientes.
A bebida sempre esteve associada à saúde
Durante a Idade Média, monges católicos frequentemente usavam vinho para uma ampla gama de tratamentos médicos.
Arnaldo de Vilanova, um médico, foi autor do primeiro livro impresso sobre a bebida. Ele escreveu longamente sobre os benefícios do vinho para o tratamento de muitas doenças, incluindo sinusite e demência.
Durante a epidemia de cólera de 1892, em Hamburgo, na Alemanha, o vinho foi utilizado para esterilizar a água.
No início do século XX, houve uma rápida disseminação do uso de bebidas alcoólicas e médicos começaram a reconhecer o alcoolismo como uma doença, aconselhando a redução do consumo do vinho.
No entanto, pesquisadores modernos intensificaram seus estudos para provar os benefícios do vinho para a saúde e reafirmar alguns conhecimentos que até então eram apenas crenças populares.
Os 6 principais Benefícios do Vinho para a saúde comprovados cientificamente
O vinho é o grande vencedor quando comparado a outras bebidas alcoólicas. Devido aos inúmeros estudos desenvolvidos atualmente, sabemos que ele contém uma mistura complexa e concentrada de substâncias químicas saudáveis, chamadas polifenóis, que podem afetar positivamente muitas funções do nosso organismo. É preciso salientar que o consumo excessivo de álcool (mais de três doses por dia), pode levar a muitas doenças.
Veja uma lista detalhada dos benefícios do vinho através de seu consumo moderado:
1. O vinho pode melhorar a saúde do coração
O consumo moderado (até duas doses) de vinho tinto pode reduzir o risco de doenças cardíacas em aproximadamente 20%. Esta conclusão veio a partir de dados combinados de 51 estudos epidemiológicos que mostraram que tanto adultos aparentemente saudáveis quanto pacientes com histórico de ataque cardíaco e ainda pacientes com diabetes pareceram se beneficiar com o consumo da bebida.
Um estudo específico, o Health Professionals Follow-Up Study, envolveu mais de 38 mil profissionais de saúde do sexo masculino livres de doenças cardiovasculares. Estes homens tomaram de 1 a 2 doses de vinho por dia, 3 ou 4 vezes por semana, ao longo de 12 anos. Ao final deste período, verificou-se que eles tiveram o risco de ter um ataque do coração diminuído em 32% se comparado a um grupo semelhante que não tomava vinho.
A explicação para o fato é que o álcool desenvolvido nesta bebida reduz a formação de placas de entupimento das artérias, aumenta o colesterol bom, diminui a inflamação, e inibe a coagulação do sangue o que diminui o risco de aterosclerose.
Os polifenóis presentes no vinho tinto também agem inibindo a formação de placas de gordura, reduzindo a inflamação, ajudando a diminuir a pressão arterial, reduzindo a oxidação de lipídios e aumentando a capacidade dos vasos sanguíneos de se dilatar. Eles ainda ativam a produção de proteínas que previnem a morte celular.
Combinar vinho com uma atividade física é o que faz bem ao coração
De acordo com o treinador Ben Greenfield, considerado o melhor personal trainer americano nos anos de 2013 e 2014, o vinho faz o coração saudável se combinado com atividade física. Ele cita um estudo chamado In Vino Veritas (No Vinho Está a Verdade), onde pesquisadores introduziram o vinho moderadamente na dieta de um grupo de pessoas e monitorou os efeitos sobre seus corpos.
O estudo mostrou que, por si só, o hábito de tomar vinho não afetou significativamente o teor de colesterol, glicemia, triglicérides, ou níveis de marcadores inflamatórios como da proteína C reativa. Mas entre aqueles que faziam exercícios físicos pelo menos duas vezes por semana e também tomavam vinho, houve melhora significativa nas variáveis de saúde após um ano de consumo de vinho, não importando se a pessoa tomou vinho branco ou tinto.
2. O consumo moderado de vinho tinto e suco de uva está ligado a um menor risco de diabetes
Pesquisas recentes mostraram que pessoas que tomam regularmente vinho tinto ou suco de uva tiveram mais facilidade em manter regular o teor do açúcar no sangue. Tais resultados sugerem que são os componentes não alcoólicos do vinho tinto, principalmente os polifenóis, que têm um efeito benéfico sobre o açúcar no sangue e a função da insulina.
Embora haja evidências de que a diabetes tipo 2 é menos prevalente entre os bebedores moderados, a relação risco-benefício é controversa. Por isso tantas pesquisas são feitas acerca do assunto.
Pesquisadores da Universidade de Ben-Gurion do Negev Medical Center-Soroka e de um Centro de Pesquisa Nuclear, também Israel, testaram tanto o vinho tinto quanto o branco em relação ao controle de glicose, e associaram os resultados positivos ao metabolismo do álcool de acordo com o perfil genético de cada pessoa.
Uma pesquisa anterior sugeriu que o vinho tinto tem propriedades particularmente vantajosas para as pessoas com diabetes tipo 2 porque ajuda a conter o risco potencialmente maior que estas pessoas têm de desenvolver doenças cardiovasculares.
Pesquisa detalhada com pessoas com diabetes
A American Diabetes Association, Associação americana que avalia a diabetes, promoveu um estudo com 224 homens e mulheres entre 40 e 75 anos de idade, com diabetes bem controlada tipo 2 e que não ingeriam álcool. Após avaliação física, as pessoas foram divididas em dois grupos: o que recebia 150 ml de água no jantar e o que recebia 150ml de vinho. Em intervalos regulares, os pacientes forneciam amostras de sangue para a medição do perfil lipídico e o controle glicêmico.
Após dois anos, os pacientes que tomaram vinho tiveram uma diminuição do risco de complicações cardiometabólicas em comparação com os que tomaram somente água.
Os pesquisadores atribuíram ao próprio álcool o controle glicêmico, mas ressaltaram que o vinho tinto tem um efeito mais forte sobre os níveis de gordura por causa dos seus compostos fenólicos.
A equipe descobriu que as diferenças genéticas pessoais também afetam no controle glicêmico e, portanto, sugerem que testes genéticos podem ajudar a identificar quais os pacientes com diabetes tipo 2 se beneficiariam com o consumo moderado de vinho antes que a bebida seja introduzida como prática clínica.
3. Consumir vinho pode prevenir doença de Alzheimer e demência
Nos últimos dez anos uma série de estudos tem relatado uma redução significativa dos riscos de qualquer declínio cognitivo, demência ou doença de Alzheimer em pessoas que consomem quantidades moderadas de álcool, principalmente o vinho tinto, em comparação àqueles que não bebem.
O consumo moderado de vinho tinto previne significativamente a deterioração da memória e o desenvolvimento de alterações no cérebro como o Alzheimer, foi o que apontou alguns estudos específicos feitos em animais.
Cientistas afirmam, no entanto, que em pessoas, mesmo as que não possuem comprometimento cognitivo, o consumo moderado de vinho tinto pode melhorar as funções cerebrais.
As constatações de um estudo epidemiológico americano feito em mulheres chamado Nurses’ Health Study, constatou que as mulheres que consomem quantidades moderadas de álcool, incluindo o vinho tinto, apresentam melhor função cognitiva.
O cientista e Professor Edward J. Neafsey, afirma: “Nós não recomendamos que os abstêmios comecem a beber. Mas o consumo de vinho, quando moderado, pode ser benéfico”.
Eles e seus colegas relataram no The Journal of Disease Neuropsychiatric and Treatment que bebedores moderados de vinho tinto tiveram um risco 23% menor de desenvolver demência em comparação a pessoas que raramente ou nunca consumiram a bebida alcoólica.
4. Vinho pode reduzir sintomas da depressão
Em um dos estudos mais recentes dedicados a investigar os benefícios do vinho tinto para a saúde, pesquisadores espanhois relataram uma taxa de 32% menos casos de depressão entre os consumidores de vinho.
O estudo foi publicado no site BMC Medicine, um jornal eletrônico de medicina. Nele foram analisados mais de cinco mil homens e mulheres com idade entre 55 e 80 anos durante sete anos e os resultados mostraram que aqueles que consumiam quantidades moderadas de álcool, principalmente na forma de vinho tinto na faixa de dois a sete doses por semana, apresentaram taxas significativamente mais baixas de depressão em comparação a pessoas que não ingeriam nenhum tipo de bebida alcoólica.
Os pesquisadores comentaram que não se surpreenderam com os resultados porque já sabiam que a depressão compartilha algumas das mesmas causas de doenças que respondem favoravelmente ao consumo de vinho tinto como inflamações de baixo grau, doenças cardíacas e outras doenças crônicas.
5. Consumir vinho pode retardar o crescimento de células de alguns tumores malignos
De acordo com descobertas feitas por cientistas da Universidade de Creta, na Grécia, o vinho pode retardar o crescimento de células do câncer de mama e da próstata, além de evitar o desenvolvimento de tumores da boca.
Cientistas franceses, por sua vez, descobriram evidências de que o antioxidante do vinho chamado resveratrol pode conter o crescimento de células de câncer no fígado.
No Reino Unido, cientistas da Universidade de Leicester informaram durante a Segunda Conferência Científica Internacional sobre Resveratrol e Saúde, que o consumo regular e moderado de vinho tinto pode reduzir o índice de tumores intestinais em aproximadamente 50%.
Pesquisas recentes também analisaram a relação entre o consumo regular de vinho e o câncer de mama, uma vez que estudos já mostraram que a maioria das bebidas alcoólicas aumenta o risco de câncer de mama.
O que se descobriu, no entanto, foi que a ingestão de vinho tinto tem o efeito oposto.
Na publicação americana Journal of Women’s Health, pesquisadores do Cedars-Sinai Medical Center, em Los Angeles, explicaram que as substâncias químicas presentes nas cascas e sementes de uvas roxas reduzem os níveis de estrogênio e aumentam a testosterona em mulheres na pré-menopausa, o que resulta em um menor risco de desenvolver câncer da mama nesta faixa etária. Um resultado contrário ao que os estudos apontavam até então.
6. Vinho para uma vida mais longa
Pesquisadores da Harvard Medical School relataram que o vinho tinto tem propriedades que previnem o envelhecimento. Eles atribuíram estes benefícios do vinho especificamente ao resveratrol presente na pele das uvas roxas.
Os resultados da pesquisa, publicados na revista Cell Metabolismoffer, foram a primeira prova definitiva da ligação entre as propriedades antienvelhecimento de resveratrol e o gene SIRT1, um gene que codificam enzimas e proteínas estruturais no nosso organismo.
Embora as propriedades do vinho para manter a longevidade sejam ressaltadas desde a antiguidade, somente agora temos pesquisas que realmente atestam o fato.
Outro estudo realizado na Universidade de Londres relatou que as procianidinas, compostos normalmente encontrados no vinho tinto, mantêm os vasos sanguíneos saudáveis, um dos fatores que contribui para a maior expectativa de vida já observada no povo na Sardenha e sudoeste da França. Os pesquisadores também descobriram que o vinho tinto artesanal tem níveis muito mais elevados de procianidinas que os outros vinhos.
Seco ou suave? Fique atento ao teor de açúcar no vinho
O açúcar presente no vinho puro é resultado do processo de fermentação da bebida e se trata principalmente dos açúcares da própria uva, frutose e glicose (alguns vinhos são adoçados com açúcar para baratear e tornar mais rápido o processo de produção).
Para entender como alguns vinhos são amargos e outros doces, saiba que quando acontece a vinificação, o fermento consome o açúcar e o transforma em álcool. Um vinho seco é produzido quando o fermento consumiu todos os açúcares e o vinho doce é quando a levedura é contida antes de “comer” todos os açúcares. É também por isso que alguns vinhos doces têm menos álcool que os vinhos secos.
É difícil dizer quanto de açúcar você está consumindo quando toma vinho, já que a maioria dos países não indica o teor de açúcar no rótulo, mas aqui está uma noção básica da quantidade da substância que os diferentes vinhos contêm:
Vinho seco: 4 gramas de açúcar por litro;
Vinho suave: De 4 a 12 gramas de açúcar por litro, ou cerca de 0,5 a 2 gramas por taça;
Vinho doce: Mais de 45 gramas de açúcar por litro, ou cerca de 6 gramas por taça ou mais.
Vinhos americanos são acusados de conter arsênio
Uma ação coletiva foi movida em 2015 na Califórnia contra alguns dos maiores produtores de vinho do país por causa dos altos níveis de arsênio encontrados nos vinhos. O processo alega que alguns dos vinhos mais populares têm até cinco vezes a quantidade máxima permitida pela Agência de Proteção Ambiental Americana. O arsênio é um elemento químico extremamente tóxico para os seres humanos.
Aqui no Brasil também não há legislação que controle o que pode conter e o que está realmente no vinho que está sendo comercializado. Uma das razões para isso é o lobby das empresas fabricantes. Por isso é importante estar atento à procedência do vinho antes de consumi-lo,
O escândalo do arsênio veio à tona nos Estados Unidos quando um laboratório de Denver chamado BeverageGrades realizava testes para detectar a quantidade de calorias nas diferentes marcas de vinho e os resultados dos testes em 1.300 garrafas de vinho mostraram, adicionalmente, que um quarto das garrafas tinham níveis de arsênio superior ao máximo permitido. Pesquisadores notaram que quanto mais baixo o preço do vinho, mais elevados eram os níveis de arsênio, o que pode ser sinal de economia em métodos e processos adequados para reduzir o arsênico inorgânico.
Vale ressaltar que, de acordo com a análise publicada no Chemistry Central Journal, que analisou vinhos de países da América Latina após este escândalo, não foram detectados metais em níveis que possam oferecer risco à saúde em nenhuma das marcas brasileiras analisadas.
O que significa consumo moderado de vinho
A quantidade de vinho que uma pessoa pode ingerir de uma só vez antes que os benefícios do vinhopara a saúde se transformem em perigos depende de muitos fatores, incluindo o tamanho da pessoa, idade, sexo, estado geral de saúde, bem como se a bebida está sendo consumida com alimentos ou não.
O consumo moderado de bebidas alcoólicas, definida como a ingestão de 1 a 2 doses por dia, é sugerido em muitos países.
Uma dose padrão de vinho quer dizer cerca de 150 ml da bebida.
De acordo com o Dietary Guidelines for Americans 2010, um guia nutricional publicado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, “Se for consumir álcool, ele deve ser consumido com moderação – até uma dose por dia para mulheres e duas doses por dia para homens”.
O valor para mulheres é menor porque elas absorvem o álcool mais rapidamente do que os homens por causa de seu menor teor de água no organismo e porque possuem diferentes níveis de enzimas no estômago.
O que é resveratrol e quais seus possíveis efeitos
O resveratrol é uma substância química produzida na casca da uva e em outros vegetais como amendoim, cacau e mirtilo, no qual atua como um pesticida natural contra fungos.
Ao longo das últimas décadas, milhares de artigos foram publicados sobre o resveratrol e os seus benefícios contra muitas doenças são sempre ressaltados, principalmente para diabetes, doenças neurodegenerativas e o câncer.
Pesquisas mostraram que o resveratrol realmente tem efeitos sobre as células, principalmente por influenciar a produção de energia, mas seu funcionamento ainda não foi totalmente explicado.
Testes em células cultivadas em laboratório e estudos em animais sugerem que o resveratrol pode ter propriedades anticancerígenas, pode ajudar a proteger o revestimento dos vasos sanguíneos do coração, ajudar a reduzir a lipoproteína de baixa densidade, ou seja, o colesterol “ruim”, impedir a formação de coágulos sanguíneos e também proteger contra a obesidade e o diabetes.
A quantidade de resveratrol pode variar amplamente tanto nas frutas quanto nos vinhos, e, embora também esteja disponível na forma de suplementos, ainda não se sabe quanto da substância pode ser absorvida pelo organismo.
Mais pesquisas acerca do resveratrol ainda são necessárias para se afirmar categoricamente todos os seus benefícios, inclusive porque estudos mostraram que a sua presença no organismo dura apenas um curto período de tempo e não se sabe se seus efeitos podem permanecem por um prazo maior.
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