Os Padrões de Beleza através da História



Das curvas mais avantajadas à barriga de tanquinho, é possível identificar, desde a Pré-História, os diversos padrões de beleza, tanto em homens quanto em mulheres.

Entretanto, ao contrário do que muitos pensam, o tempo não é a única variável dessa mudança. As questões culturais também são fatores consideráveis. Por exemplo: algo que se enquadra nos conceitos de beleza no Brasil pode “não valer” em outros países.

Em outras palavras, os padrões de beleza estão em constante processo de mutação, não sendo representado por um modelo universal e sofrendo influências de variáveis sociais, culturais e até mesmo biológicas.


As grandes transformações dos padrões de beleza, da Pré-História ao Renascimento


A Pré-História

Durante a Pré-História, o corpo era considerado a arma de sobrevivência dos indivíduos, tanto para a caça quanto para a fuga dos predadores. Mesmo assim, os padrões de beleza já tinham notoriedade quando o homem começou a viver em grupos.

Criou-se uma hierarquia, e os homens que estavam no topo utilizavam elementos como as garras e os dentes de animais para a diferenciação dos demais.

Enquanto isso, a obesidade representava o ideal estético perfeito para as mulheres. Nesse caso, ela era associada à fertilidade e à disponibilidade de recursos.
A Idade Média

Desde então, a única época que não houve o domínio de algum padrão de beleza se deu na Idade Média. Graças à forte influência da Igreja, os hábitos de higiene dos gregos e dos romanos foram deixados de lado. Pregava-se que os cuidados com corpo era algo profano, imoral e indecente, já que contradiziam as leis divinas.

Acreditava-se que a beleza era uma consequência da sua obediência, devoção, pureza e castidade, assim como a Virgem Maria. Para o sexo masculino, essas questões estavam ligadas ao poder, tanto que a maior referência para os homens era o rei.
O Renascimento

No período Renascentista, os valores humanistas retornaram, assim como a adoção de padrões de beleza da Antiguidade.

As pinturas se tornaram mais sedutoras, com os corpos à mostra. Nos quadros, as mulheres exibiam os cabelos longos e formas avantajadas, enquanto os homens se apresentavam um corpo sem pelos e com músculos.

Os ideais greco-romanos também voltam a imperar nessa época. A obesidade representava status, riqueza e ostentação — o que só estava disponível para um seleto grupo da nobreza.
A mutação dos padrões de beleza e os seus reflexos dentro do comportamento social

Século XIV

Acredite você ou não, mas no século XIV, durante o período renascentista, existia um modelo de padrão que se baseava no tamanho da testa. Quanto mais aparente ela fosse, mais bonita seria considerada a pessoa pela sociedade da época.

Tanto isso é verdade que diversas pinturas desse período retratam mulheres e homens com testas grandes, como se nesse tempo isso foi um sinal de beleza.

Alguns historiadores afirmam que muitas mulheres arrancavam os cabelos ou aplicavam uma solução química no couro cabelo para obter uma testa maior.

Século XV

O que hoje parece ser um problema para a maioria das pessoas, no século XV era um elemento de charme e beleza: ter uns quilos a mais era tudo que há!

As gordinhas, principalmente, eram consideradas belas justamente pelos quilinhos a mais que possuíam. As magras eram vistas como pessoas sem saúde e sem graça, despidas assim de beleza.

Século XVI e XVIII

Com o passar do tempo, a sociedade passou a valorizar corpos magros e foram nos séculos XVI e XVIII que isso ganhou maior importância. Há relatos históricos de que as mulheres usavam espartilhos e corpetes para ajustar a cintura e garantir uma aparência mais bonita.

O problema é que esses recursos também provocavam desmaios frequentes nas mulheres, devido à falta de oxigênio, e até mesmo fraturas de costelas.

O século XVII

Já no século XVII, a apreciação deu lugar a corpos mais delicados e a cinturas mais afuniladas, que surgiram após muito esforço com o uso dos espartilhos. Se hoje a pele dourada é vista como um sinal de beleza e charme, no século XVII talvez fosse visualizado como uma marca negativa para as mulheres que desejassem atingir um modelo de beleza ideal.

Isso porque nessa época a pele branca era considerada como um dos principais sinais de beleza. Alguns historiadores apontam que as mulheres chegavam a perder sangue para atingir uma cor mais pálida, logo, mais branca.

O século XIX

Mais tarde, no século XIX, corpos avantajados voltaram a ser valorizados, especialmente entre a classe burguesa. O contexto histórico, a Revolução Industrial, também contribuiu para a distinção entre as classes e a propagação da riqueza por parte de um grupo seleto na sociedade.

O século XX

Vale ressaltar que somente no século XX, a partir das mudanças culturais, as mulheres conseguiram conquistar mais emancipação e independência — sendo essa uma importante vitória para a classe.

Os espartilhos foram extintos e os sutiãs passaram a ser usados. A famosa marca Coco Chanel investiu na produção em 1ª mão de saias na altura do joelho, além da confecção de roupas mais leves e soltas, sem a exigência da marcação na cintura.

Nesta época, o modelo de homem ideal era modulado por esportistas e celebridades. A característica marcante é que inteligência passa a ser sinônimo de riqueza. Os homens ricos são referenciados pelo seu poder e pela sua liderança.

Em suma, do século XX em diante nós temos o tipo de padrão de beleza que hoje encontramos nas ruas e, principalmente, nas passarelas. Pele bronzeada, cabelo liso, corpo magro, músculos torneados, seios fartos e bumbum empinado.

No entanto, vale ressaltar que um movimento social chamado de plus size vem ganhando força na sociedade e no mundo da moda. Tal frente tem como principal bandeira a luta contra o modelo ideal de beleza que é pregado atualmente e fortalecido pelos produtos midiáticos: novela, filme, publicidade etc.

Além disso, outros movimentos têm ganhado fôlego, diluindo assim o conceito ideal de beleza do século XXI, como os que buscam reconhecer a beleza em todo tipo de cabelo: liso, crespo, preto, vermelho, loiro etc.

Os anos 1940 e 1950

Nos últimos 50 anos, especialmente, após a popularização de concursos de beleza, os ideais tornaram-se uma grande diversidade. Inúmeros biotipos inspiraram o imaginário, e, entre eles, encontrava-se o de grandes artistas influenciadores da época.

Especificamente nos anos 1940 e 1950, os astros de Hollywood — como Marilyn Monroe — foram uma das principais referências para instituir padrões de beleza e chamavam atenção pela sua sensualidade, com quadris largos e seios fartos, acentuados pelos sutiãs com enchimento.

Depois, a modelo, atriz e cantor britânica Twiggy se tornou uma inspiração com o seu corpo magro, esquálido e com ausência de curvas.

O ritmo marcante da época é rock n’roll e o artista influente era Elvis Presley, que chamava atenção pelo o seu rosto liso e pelo seu topete brilhante — moda que foi adotada pelos homens naqueles tempos.

Os anos 1970

Os anos 1970 foram marcados pela liberação sexual e pela igualdade de direito entre os gêneros.

Em decorrência disso, os ideais de beleza masculino passaram por grandes transformações, tanto em relação ao corpo quanto ao modo de se vestir e de se comportar socialmente.

Houve a ampliação dos mais diversos estilos, que iam desde os cabelos mais soltos e naturais até o estilo punk.

Os anos 1980

Na década de 1980, a era fitness começou a imperar. Os músculos volumosos e definidos eram o principal objetivo para os milhares de fisiculturistas existentes. Isso aconteceu por causa da ginástica em casa, possível depois da democratização do videocassete.

O incentivo ao culto do corpo perfeito na era contemporânea

Os anos 1990

Nos anos 1990, surgiu Kate Moss, que veio com o intuito de redefinir a ideia de sex appeal a partir da valorização da sua beleza andrógina (aquela que possui traços marcantes de ambos os gêneros, feminino e masculino).

Isso se tornou muito marcante, especialmente, para protagonização de grandes campanhas de grifes, já que uma pessoa consegue reproduzir as peças para homens quanto para mulheres.

As características altas, magras, curvilíneas sem exageros foram referenciadas por grandes modelos da época. Nesse momento, a beleza deixa de ser associada à saúde para se tornar um padrão social. Surgiu, assim, o aumento significativo de distúrbios alimentares, como bulimia e anorexia.

Novas tendências também começaram a ter mais visibilidade, como os piercings e as tatuagens.

O Brasil contemporâneo

Também houve a consolidação do corpo perfeito no Brasil — que sofreu influência, especialmente, dos bailarinos e de Carnaval. A preocupação com corpos sarados, dietas e cirurgias plásticas se tornaram foco.

Como você pode notar, os padrões de beleza, que remetem o ideal de felicidade, são consagrados por grandes influenciadores, como os estilistas e os demais membros da indústria da moda, que compartilham o que não é acessível para grandes massas, sendo restrita um seleto grupo social.

Não se trata, convém ressaltar, de reconhecer que um modelo é mais bonito ou perfeito que o outro, mas que cada um, a seu tempo, correspondeu às expectativas da sociedade da época.

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